Onde os pensamentos se escondem.





Ela sentia-se só, sentia-se enojada, sentia-se imunda por dentro. Como um inseto voando na direção errada. Ela detestava insetos. Todo o masoquismo que houve um dia ali dentro, naquele momento era símbolo de aversão.


São como chamas que invadem o corpo e queimam a toda velocidade, sem um tempo mínimo para respirar. Ela havia sorrido infinitamente, havia sentindo inquestionavelmente. A respiração agora possível preparava-se para a frase mais esperada, em tempos, desde aquela noite "Você é um canalha, meu caro. Humano, mas ainda sim um canalha".


Ela havia dito nunca mais, pulsou cada letra formadora de cada uma dessas palavras e sentiu-se chorar por dentro e essas lágrimas de dor, não eram as mesmas lágrimas de um orgasmo. Olhou fixamente os pés e deixou-se cair. Ele a segurou, mas não, ele não teria força o suficiente. "Vamos fugir?", sussurrou em seu ouvido. Ela o olhou mais uma vez, sentindo toda aquela paixão que poderia durar para sempre, seja lá quanto tempo dure um para sempre na vida daqueles dois... Um mês, dois meses. Um para sempre a mais. Tocou em suas mãos e sentiu sair pela boca "Todas as vezes que nos encontramos, é uma fuga querido", o beijou ali mesmo, sentada no chão. Prendeu os cabelos e fugiu, sim fugiu, mas dessa vez só.


Foi correndo até o ponto de ônibus mais próximo e mais uma vez não conseguiu. O procurou e viu aquele homem sentado em um banco mexendo os pés insistentemente. O para sempre seria dessa vez um fim para sempre? Correu na direção errada, ou certa, mais uma vez. Sentou ao lado daquele que despertara sentimentos de repulsa, mas que despertara sentimentos sem culpa, pegou em suas mãos e com toda a verdade que poderia praticar disse: "Ok, acho que não posso fugir sozinha. Quer fugir comigo?"


Ele a olhou, mas não respondeu.

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