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Mostrando postagens de novembro, 2008

Cartas que nunca lerás.

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Querido Amor, Saiba que eu sempre estive aqui. Saiba que mesmo com você ali sempre ao seu lado, foi à mim que ele olhou, foi a mim que ele quis. Não sinta culpa, você é o mais bonito de todos os sentimentos que já conheci. Mas, é triste. Não entendo! Lindo, mas ainda assim, na maioria das vezes solitário. E pra ser mais sincera, injusto com muitos, quando és sublime no encaixe ao próprio, fazendo nascer o amor próprio. Este que quando ama outro, se esconde por detrás de roupas escuras e ao mesmo tempo, coloridas. Roupas estas de marca; marcas de felicidade, esperança, alegria, fé, diversão e tristeza, esta a mais cara de todas as marcas. Não pense que não é notório o seu surgimento na morada de qualquer um de nós, pois é notável a mudança que causas. Mas é mais notória ainda a mudança que fazes, quando te despedes. E quando vais, quem fica sou eu. Como no início. Me acusas, me recriminas, me deixas de lado, me repreendes, me sacrifica, mas sempre volto. Sou eu quem sustenta duas pessoa

O palhaço e a menina com cor.

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Eu era um palhaço triste, mas ainda um palhaço. Tinha cores por todo o corpo, seja nos olhos, boca, roupas e nariz. Levava minutos ou até horas de felicidade momentânea à vida de pessoas como você. Sensatas, seguras, firmes e corretas. Foi numa noite de espetáculo que eu a conheci. Ela parecia ser sensata, como todos vocês, mas com uma vontade louca e desesperada de não ser. Sentou-se logo ali na frente, onde meus olhos podiam a questionar. Era colorida como eu, mas as cores eram diferentes. Eram cores que combinavam entre si, como tudo o que ela fazia diariamente. A olhei, e como sempre no início dos espetáculos, escolhi alguém para presentear com um rosa roxa. Era uma rosa diferente, que cultivávamos nos fundos do circo, um circo que não saía do lugar. A instiguei firmemente naqueles olhos impermeáveis e lhe entreguei a rosa. Ela sorriu e disse: "Ok, obrigada Sr. Palhaço!", foram as únicas palavras que consegui ouvir no meio de uma gritaria de mãos em aplausos. Prosegui o e

Por quase dois segundos.

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"Querido, Não se culpe, está bem? Me prometa apenas isso. Não deixe a paixão suicidar-se numa tentativa frustrada de se tornar amor. Viva, apenas continue vivendo. Porém, não esqueça, ou lembre-se dos bons momentos, ou dos ruins quem sabe. Será que você ainda pensa em mim? Daqui a um bom tempo quando este presente já for um grande passado, não tente voltar aqui, pois essa chance não mais existirá. O que ainda existirá? Eu não mais, você muito menos. Escute boas canções, leia bons livros, veja belos lugares e elogie lindas mulheres, por mais que tudo isto seja relativo, por mais que você diga não se importar, faça-o. Em mim, restará a boa lembrança do dia em que me apaixonei, do dia em que senti te amar e do tempo que decorreu entre esses dois momentos. Restará tudo, menos uma outra chance e cabelos curtos". Deixou o escrito gravado em uma folha de papel sem cheiro, sem nada. Queria saber, por quanto tempo, sem os sentidos, ele lembraria-se dela. Levantou-se pegou a mochila e

Onde os pensamentos se escondem.

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Ela sentia-se só, sentia-se enojada, sentia-se imunda por dentro. Como um inseto voando na direção errada. Ela detestava insetos. Todo o masoquismo que houve um dia ali dentro, naquele momento era símbolo de aversão. São como chamas que invadem o corpo e queimam a toda velocidade, sem um tempo mínimo para respirar. Ela havia sorrido infinitamente, havia sentindo inquestionavelmente. A respiração agora possível preparava-se para a frase mais esperada, em tempos, desde aquela noite "Você é um canalha, meu caro. Humano, mas ainda sim um canalha". Ela havia dito nunca mais, pulsou cada letra formadora de cada uma dessas palavras e sentiu-se chorar por dentro e essas lágrimas de dor, não eram as mesmas lágrimas de um orgasmo. Olhou fixamente os pés e deixou-se cair. Ele a segurou, mas não, ele não teria força o suficiente. "Vamos fugir?", sussurrou em seu ouvido. Ela o olhou mais uma vez, sentindo toda aquela paixão que poderia durar para sempre, seja lá quanto tempo dur

Maquiagem voluntária.

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Ela possuía os olhos mais irritantes que alguém já imaginou pensar em ter visto. Olhos questionadores, convincentes, porém medrosos. Deitada em sua cama, olhando as paredes da cor que menos lhe agradava, avistando as inúmeras roupas e sapatos jogados pelo chão marrom, ela se questionava. Não permitia a ninguém que lhe vissem se questionando. Não permitia a ninguém que lhe conhecesse de verdade. Tentava criar uma tática de observação e aprendizagem, uma forma de sair das mais agravadas situações, deixando no ar um dúvida constante, uma pergunta que no mínimo teria que ser pensada três vezes para iniciar uma procura por respostas. Ela era viva, mas parecia estar morta. Mostrava a todos o que era a vida, mas preferia o esconderijo da morte. Pensava em todas as respostas que poderia ter dado, mas que por não se importar, silenciou. Identificou no fundo de suas caixinhas denominadas memórias um modo rápido, eficiente, mas trabalhoso de esconder-se sem precisar da estagnação que a morte most

Aparição Solar.

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Os dois estavam de mãos dadas, ela com fé e esperança e ele com força e vontade. Os cigarros iam chegando ao fim e o cheiro entranhando nas roupas sem cor. As cores haviam sumido, assim como as pessoas costumam sumir. No entanto, as cores e as pessoas jamais sumirão pela eternidade. Eles caminhavam olhando para os próprios pés, olhando e imaginado como chegaram ali, naquele quarteirão. Estavam ali, as mãos entrelaçadas, assim como o caminho que já haviam percorrido desde a descida do ónibus, que lhes deixara essa solidão acompanhada em uma avenida depressiva. Sentaram-se e abraçaram-se, mas não olharam-se. Os olhos, essas janelas, não os permitiam mais olhar o vazio e sorrir, as janelas agora estavam fechadas com a ansiedade pela chuva que logo chegaria. A chuva trazia aquele frio que sentimos quando quase tudo o que queremos, acaba. O frio que embalava as gotas d'água até os cabelos negros, desdenhava das gotas de lágrimas que logo logo molhariam o corpo quente, sedento por motiv