Alice no país da Erikalândia.




"Uma mulher solitária"- Era o que diziam ao seu respeito. Uma mulher triste, era o que acrescentavam. Ela havia se transformado nisso, exatamente, especificamente nisso.
Costumava ser uma garotinha gordinha e feliz, com brinquedos e mais brinquedos, mas sem poder sair de casa e mostrá-los aos amigos que não possuía.
Passou a ser uma menina contida, porém feliz com todos os livros que poderia ter. Escondia-se atrás de uma capa de popular com gostos musicais que na verdade, nunca lhe apeteciam em facto.
Mostrou-se feliz com andar dos dias, mas dolorosamente feliz. Uma cometa demorado a ensinou a ser quem realmente era, lhe ensinou muitas coisas...lhe ensinou a ser fria.

O cometa passou e veio a chuva, a chuva lavou a alma daquela ainda menina, mas trouxe a mulher para perto dela. A mulher que ela jamais havia sido, em hipótese ou forma alguma. Lhe conquistara aquele jeito de ser, lhe auto-afirmara aquele jeito de ser, lhe causara risos irónicos consecutivos, lhe fixaram no corpo o modo de ser.
E foi quando menos esperava, quando tudo parecia bem e feliz que pensou: uma felicidade ingrata, isso sim é o que vivia, uma felicidade egoísta, uma felicidade que não lhe dava mais o direito de resposta ou direito de uma diversão barata, porém, a mais feliz de todas.
Essa felicidade não lhe permitia ter reflexos coloridos, lhe permitia ser somente preta ou branca. Não lhe permitia risadas regadas de músicas felizes ou histórias contentes. Essa felicidade só lhe permitia ser feliz para com eles e nada mais.
Felicidade cega e burra. Felicidade solitária demais.
Solitária...
Solitári...
Solitár..
Sozinha...
Só.

Pensava em todas as outras vidas que já havia tido, dentro dessa mesma missão. Aliás, e a sua missão? Ela não a completaria, sabia qual, mas agora, nada mais importava, nada mais valia a pena. Não queria deixar Ele perder seus sonhos, mas ela também já perdia os seus. Não queria deixar de ser forte e dizer sempre, que estava alí pra todo o sempre, com coragem e ótimas palavras para se dizer e consolar, mas também precisava delas.
Queria ajudar com os melhores conselhos, mas também precisava deles, e hoje, precisava com toda a força do mundo de bons conselhos, mesmo que não os fosse seguir, queria ouvir, queria saber que havia alguém que se importava com ela de verdade, piegas? Que fosse: QUERIA OUVIR.
Precisava ter força para amparar os desamparados, mas como? se ela acabara de se desamparar totalmente quando escrevia a linha acima.

Ela era forte, ela estava fraca.
Queria deixar essa menina/mulher/garotinha fora de todos os seu pensamentos, mas só tinha vontade de gritar, de deitar no colo bem confortável de alguém e chorar. Não precisava voltar no tempo, o tempo as levaria para outro caminho e ela não as conheceria, ela só queria tudo de volta, como a dois meses atrás. Cm toda aquela confiança que agora, insiste em sumir e ir se esconder em gavetas que ela não consegue alcançar, as pílulas que Alice lhe emprestara até ali, hoje não conseguia mais descer goela à baixo.

O martírio caminhava novamente até a porta do seu quarto, e a chave já estava com ele.


Com somente, ele.

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