Nas caixas e gavetas.


Ela tentava esconder, guardá-lo em uma caixinha vermelha, esconde-lo de todas as formas. O que havia sentido por todos os outros, o que tentava esconder de todos os outros, era o coração, esse músculo que a fazia errar, que a fazia contar verdades que doíam.


Todos os dias passados, ela tentava se esconder atrás de um desejo provocante que assumia autoridade em seu corpo e nada mais que isso. O desejo, a vontade, são bem mais fáceis que o sentir de verdade. Desejos e vontades passam e o coração nada tem a ver com isso.


Mas, as memórias não a conseguiam deixa-la imune ao novo gostar. As memórias a prendiam num passado feliz que hoje era um presente imaculado. Mas, as lembranças se foram, se foram para uma gavetinha dentro de uma caixa verde e lá ficariam. A caixa era verde, mas nada de esperança havia ali.


Ela o havia conhecido e não conseguira despistar o olhar. Não conseguia não lembrar, não conseguia não gostar.


Ele não era dela; ela não era dele. E mais uma vez, mostrou o coração na hora errada. E blasfemia agora, mostrava para a pessoa errada, no lugar errado e com a roupa errada.


O objeto mais valioso, era um sentimento. Que ficaria ali, guardado na caixinha vermelha, no fundo da outra caixa verde. Trancaria ele ali e não daria a mais ninguém.


A moça terminava mais um capítulo de seu livro, colocava-o entre os travesseiros e sonhava com dias mais bonitos, como os de antigamente.


Comentários

Ramon Lisboa disse…
Caramba! Me tocou no fundo.
Gostei muito da poesia.
Espero por mais, viu??

Beijos em seu coração!

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Ok.

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Cartas que nunca lerás.