Humanóides Falantes.



Eles têm mais ou menos a idade daquele que renasceu no terceiro dia. São parecidos conosco, porém não falavam ou raciocinavam tão dramaticamente como nós. Ele era o Gio ela era a Chimina. Eram dois humanóides, como a ciência os nomeia. Quase humanos. O corpo cheio de pêlos, corcundas e com os focinhos em ênfase na cara. Gio era um guerreiro, criara a chama vermelha e amarela que clareava a noite e aquecia os corpos. Chimina, uma chimpanzé faceira, com sua sensualidade animal. Viviam juntos desde o nascimento, aprenderam juntos o companheirismo e o instinto não humano.


Os anos foram passando e a vontade de procriação, de afirmar a espécie também. Mas, como Gio faria isso? O instinto não humano não o ensinava tais táticas. Ela era tão sua amiga, como falaria? Como cruzariam? Ah, sim ele havia pensado, sim senhoras e senhores o Gio, um chimpanzé pensava ou como acham que ele afirmava a força do fogo em nosso planeta? Por ser tão seu amigo teria mais liberdade de comunicar o que sentia naquele instante. Foi procurá-la.



Chimina, pegava pedras e mais pedras sem entender o porquê. Gio a olhava de longe, pensando no que poderia e como poderia fazer. Foi andando curvado, com as patas dianteiras arrastando pelo chão e a olhou, primeiro pelas patas peludas após as coxas e o sexo animal. A olhou firmemente e disse: “Estou sentindo vontade de ter filhos contigo, Chimina. Vontade de te ter.” Chimina, assustou-se, nunca ouvira ou sentira uma coisa tão forte, o que era aquilo? Uma sanção dos antigos divinos guerreiros? Uma maldição que deixaria os maus espíritos sair pela cavidade que possuíam na cara? O que? O que?



Gio assustou-se também. O que poderia ser aquilo? Não, não vamos repetir o que já foi dito no parágrafo anterior. Ele falava agora. Era um chimpanzé falante, um humanóide falante. E naquela hora olhava para Chimina com pavor e a mesma a olhava e sentia a catarse que ela ainda nem sabia definir. Ele queria ouvi-la, queria descobrir se possuía uma perfeita voz que só completaria o quadro de perfeições, queria saber se a sua voz... Voz? O que era voz? Quem disse que aquilo era uma voz? Um som? Fonemas seguidos, quem disse?



Ela tentava, mas não conseguia. Nada saía. Nada que se parecesse com o que ele havia feito. Ela não conseguira, ele sim e naquele instante se aproximava de uma poça de água e mirava insistentemente. MEU DEUS. Que deus? Eles tinham deuses? Esse texto nunca irá completar-se, como vamos saber o que eles pensavam ou acreditavam. Bom, façamos como os cientistas e pesquisadores: vamos supor. Suponho isso, suponho aquilo, supomos acolá...



Gio não acreditava no que via. O que via era quase parecido com o que somos hoje, seus pêlos haviam sumido quase todos. Agora poderia sentir o frio e o orgulho por ter confirmado a perpetuação da chama vermelha e amarela na Terra. Sua cavidade na cara, a boca, era menor. Seus braços encolheram e ele não os arrastava mais pela terra seca. Tudo estava descoberto, corpo e suposições.



Ele olhava para o lado e com o maior susto que poderia ter levado desde o início da narrativa, gritou. Sim, sim não se espantem também. Ele gritou... GRITOU! O que poderia ser aquilo, não conseguia nem descrever. As cores, não sabia ainda o que eram cores, formas, também ainda não as sabia. Aquilo queridos ex humanóides, era um computador. Chamem como queiram, mas a partir dali, o ex chipanzé não saberia nada além de suposições.



Chimina, quem era? Ele não se importava mais. Só queria conhecer os sites de relacionamentos disponíveis naquele momento.

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Ok.

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